Rosy Auguste Ducéna

“Os sobreviventes”

revista piauí, n. 179, ago. 2021

Hoje, no Haiti, não se vive. A insegurança e a incompetência de nossas autoridades tiveram por consequência o estabelecimento de um clima de terror no país. Não há, por aqui, espetáculo mais desolador que testemunhar todo mundo correndo de volta para suas casas a partir das quatro da tarde. Ninguém quer ficar na rua quando escurece. As casas estão cercadas por barricadas de ferro e arame farpado para dar a sensação de segurança. Mas é ilusório se esconder atrás de muros de 3 metros de altura, já que os bandidos podem abrir buracos neles com suas marretas. O Haiti é um dos raros países em que os cidadãos se tornaram refu-giados vivendo em suas próprias casas.

Rosy Auguste Ducéna é advogada haitiana e trabalha na Réseau National de Défense des Droits Humains (RNDDH), uma organização de defesa dos direitos humanos. Neste diário, ela relata a expectativa por um referendo que alteraria a Constituição do Haiti, no exato momento em que presidente do país caribenho, Jovenel Moïse, é assassinado.

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