Design no patriarcado

Cheryl Buckley

Clube do Livro do Design e Bikini Books, 2025

Em um patriarcado, as atividades dos homens têm mais valor que a das mulheres. Considera-se, por exemplo, que o design industrial tem um status mais elevado que tecidos tricotados. As razões por trás de tal valoração são complexas. Numa sociedade industrial avançada, em que se considera a cultura acima da natureza, os papéis masculinos são vistos como mais culturais que naturais, e os papéis femininos são vistos como o contrário disso. Como consequência de sua capacidade biológica para reproduzir e de sua função de dedicação e cuidado com a família no contexto do patriarcado, as mulheres são vistas como próximas da natureza.

Em 1986, Cheryl Buckley argumentou que a história do design é moldada por vieses patriarcais que trivializam, marginalizam ou apagam as contribuições das mulheres. Ela defendeu uma crítica feminista que não apenas desafiasse essas estruturas patriarcais, mas também deslocasse o foco das conquistas individuais para o reconhecimento do papel das mulheres como designers, consumidoras e sujeitos de representação.

Em 2020, Buckley revisitou a evolução do campo, refletindo criticamente tanto sobre os avanços quanto sobre os desafios persistentes, além de abordar lacunas em seu pensamento anterior.

Como observa Bibiana Oliveira Serpa na apresentação desta edição, “questionar a própria visão de mundo é, em si, um ato feminista.” Em seu ensaio, Serpa analisa a trajetória do pañuelo verde — um símbolo do feminismo — entrelaçando os pensamentos de Buckley ao contexto mais amplo das lutas latino-americanas por justiça e igualdade.

Uma leitura essencial para quem deseja repensar o design e suas histórias a partir das margens.

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